"É Ariano no seu melhor estilo". Assim a editora Maria Amélia de Mello, responsável por revisar e publicar as obras de Ariano Suassuna desde 2002, define o livro póstumo do escritor, “O Jumento Sedutor”. Suassuna deixou a obra pronta, entretanto faltou juntar as ilustrações feitas à mão com as partes do texto, segundo Alexandre Nóbrega, genro e braço direito do autor na finalização do trabalho. Após 30 anos de produção, ainda não se sabe quando a publicação será lançada. A ideia de Ariano era publicá-la ainda este ano, conforme divulgou a editora José Olympio.
Perfeccionista, o dramaturgo tinha seu próprio tempo: lia, relia, mudava palavras, redesenhava as ilustrações. Em 2006, o autor já afirmava que a obra, que começou a ser produzida nos anos 1980, estava pronta, como informou a própria assessoria de imprensa de Suassuna.
“A obra estava concluída, mas ele continuava mexendo em algumas coisas. Ele pediu para a gente parar, em junho, para ele dar uma lida, mexer um pouquinho ali, como sempre fazia. Isso não é exclusivo, é comum acontecer entre os escritores. Cada um tem seu tempo, e o dele era esse. Ainda mais que ele convivia tantos anos com esse livro; o envolvimento emocional com o projeto era visceral. E, como ele dizia, esse processo de criação era melhor parte. Ele criava a mão, recortava, desenhava, colava. Era algo muito complexo. Mas a gente já havia definido o papel, o formato”, informou Maria Amélia, da editora José Olympio.
Pouco se tem informações sobre o enredo de “O Jumento Sedutor”, que só deve ser revelado de fato quando for publicado. O que se sabe é que envolve teatro, poesia, romance, em um formato não convencional. O número de páginas também é desconhecido, porque precisa de uma diagramação e edição delicadas.
“A ideia de Ariano era lançar ainda este ano, mas só se me entregasse em tempo hábil. Se ele demorasse mais, não teria como fazer para esse ano, porque não teríamos recursos disponíveis. Talvez a gente conseguisse para esse ano, ou começo de 2015. Mas a edição não é fácil, porque é uma obra muito complexa. Não consigo nem determinar a quantidade de páginas, mas é um livro grande, complexo”, comentou Amélia. O livro também conta com um número muito grande de personagens e uma série de histórias e ações.
De acordo com Alexandre Nóbrega, ainda falta unir as ilustrações aos textos do artista. Como Ariano não usava computador, o trabalho manual exigia muito tempo e dedicação. “Ele cortava parte de textos, as ilustrações e tinha que unir uma coisa na outra. A gente não juntou esse material”, disse. Devido à recente partida do escritor, ainda não se sabe com irá acontecer os trabalhos para dar andamento à obra daqui para frente.
Como pretendia lançar o livro antes do fim de 2014, Suassuna já tinha pedido para a editora Maria Amélia para fazer uma agenda de lançamento. A ideia era visitar diversas capitais do Brasil, apesar do medo de avião e da idade avançada do escritor. Agora, o público deve ainda esperar um tempo ainda não estimado para poder ter mais uma obra de Ariano em mãos.
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